Selva
Quando penso na selva penso nos filhos mortos no ventre do seringal. Mortes contadas que a vó paria ao falar. Mortes vivas na palavra e no sangue que rasgou o mapa. Quando penso na selva penso nas lágrimas de Werner Herzog e o verde monstro beijando em seus lábios deliciosos o grande Pesadelo. Quando penso na selva me explico o calor do asfalto a pele curtida e o coração implacável. Penso na selva que não cabe num outdoor e ergo o punhal em sua glória. * Cadeira elétrica O sol senta o horizonte na cadeira elétrica e sentencia a derme à morte. Por sorte a megalomania do calor esquizofrênico amazônico despeja pink lemonades da tempestade mais absurda. Dionísio Dança o showgaze no teu copo de nescau e cinge corações ao meio na noite periclitante que ainda engatinha na sala de estar. * Furo No cobertor de sol tortos sob o plástico da areia molhada. Em plano holandês a cadeira inclinada — o horror o calor e a praia. Como funciona o suor? O cérebro a glândula o olho do poro — o furo. Homem e mulher cheios de furos. Mas só um nela perturba -- nas raízes da penumbra rosada cozido no forro há um furo vedado na lycra. Ele pare sangra morde. Sinto medo do furo da mulher que em tudo a significa. Sinto pena dos furos do homem que não jorram não insultam. Quando muito um é desejo na superfície do discurso mas fora do desejo um furo do homem é um não assunto um furo fora da curva um furo dentro do silêncio. No cobertor de sol
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Novembro 2021
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