como juncadas
tuas horas atravessam o peito tocaiam no desejo atalhos do verbo enquanto nas entranhas dos dedos opaca se inscreve a flor da angústia * it was a calm day unfolding to its laws. Only the pleasure was sharp Sharon Olds I o ruído entre a fauna no jardim e os barulhos domésticos – árvores findam em tédio II a amoreira em setembro lá na casa onde os dias passam com semelhante indiferença vingou III manso, repousado à beira do bosque, teu corpo sombrio ecoa o desterro vem, doce cigarra, canta à mata que eu, sob sono e sol, do amor roubado, me reclino à imensa sombra espraiada IV assim gasto toda minha pequenez como um riso convulsivo contra o vento anunciando seu vazio * essa raiva por ter um corpo e saber que esse corpo está no mundo além disso por ter a consciência de que a matéria desse corpo é antes dor que carne compreender que cada músculo cada nervo ou tendão foi progressivamente cedendo lugar ao medo a um incessante ódio pela vida e ao nojo pelo convívio pela partilha enclausurada desse desastre a que chamo corpo essa raiva por nunca encontrar algo além do espasmo algo além dessa luz dessa desesperada luz no minúsculo piso da mente raiva também e sempre por saber que nada nada nunca arranca a última confissão disso que em mim é corpo que nenhuma célula ou veia espraia esse terror pra fora da pele nem tampouco alcança esse lugar esse qualquer outro lugar fora do meu entendimento o corpo animal do terror é a crueldade com que maltrato qualquer ideia disso que pra mim é corpo meu corpo jamais saca o corpo debaixo da máscara e por isso nada sai nada revela a si pra fora do profundamente oculto nesse corpo raiva por esse corpo que eu bombardearia se pudesse
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Novembro 2021
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