Transitoriedade
Você fecha a persiana, a gaveta dos organizados talheres, guarda o ultimo copo, esvazia a lixeira, passa o peito da mão no lençol amarrotado estendido na cama, vira a almofada do sofá que de costas estava, remexe na vela do castiçal porque ereto precisa estar, sopra a poeira do cristal, arruma com o pé direito o tapete da porta de entrada, passa os olhos em tudo pela última vez e fecha a porta. Tudo o que você quer é voltar e encontrar tudo em ordem, tudo como deixou. Impossível, claro. Você pode, inclusive, nem mais voltar. * Semblante da Tristeza Sorriu para o padeiro ao saber que o pão havia acabado, e passou a mão na cabeça de uma criança abandonada. Sob chuva, parou para escutar um pedinte, cumprimentou o porteiro noturno que cochilava, e sussurrou um Deus qualquer no ouvido da alma. Ela não é disso. É que estava muito triste, e tristeza faz isso com a gente.
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Novembro 2021
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