Rosebud
Ao filme “Citizen Kane”, de Orson Welles Naquele tempo, não havia neve que me abrandasse o sorriso que era uma clareira para tu te sentares. Tivesses-me então conhecido e terias sido o meu único amigo. Mas agora é tarde, a minha boca cresceu mais do que o meu sorriso, se te tentasse mostrar o quanto me agradas temerias que te tentasse devorar. Estou velho e sozinho, com o apetite domesticado, e impede-me o orgulho de explicar-te como é ridículo o motivo porque ainda me faço complicado. Pesa-me o mundo como um fardo e estou atolado na lama. Ah, pudesse eu levantar-me da cama e regressar àquele tempo que o sonho mistura com a memória, e resgatar de trenó o menino que era o herói desta história… * Lídia Cunegundes Caso raro nos dias de hoje, conheci-te primeiro ao vivo e só depois pelo Facebook, o que já traz implícito o enorme acaso que foi ter-te conhecido, até porque, virtualmente falando, não temos nenhum amigo em comum. Isto não mereceria reparo algum e muito menos um poema, mas impressionou-me a disparidade entre a tua beleza ao vivo e as tiradas de humor viperinas, ante a falta de graça das fotos com legendas pré-confecionadas. Assusta-me que tenhas vindo à procura do meu perfil e também que tenhas concluído coisas supérfluas sobre a minha ridícula figura, ou que, pior ainda, não tenhas vindo porque já in vivo não foste à bola com a minha tromba. Lídia (por questões de confidencialidade), como Ricardo Reis não te dou a mão (não te envio o convite de amizade), para que inversamente a Cândido que achou uma Cunegundes, possa recordar-te desconhecida e para sempre velar-te.
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Novembro 2021
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